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Miguel Medeiros

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Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

1 – Os estratos gramaticais Em português, os estratos gramaticais possíveis são, pela ordem ascendente: o elemento mínimo (ou monema), a palavra gramatical, o grupo de palavras, a cláusula, a oração e o texto.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 52)

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

Assim se chama o seguimento imediato de duas ou mais consoantes de um mesmo vocábulo. Há encontros consonânticos pertencentes a uma sílaba, ou a sílabas diferentes: li-vro; blu-sa; pro-sa; cla-mor; rit-mo; pac-to; af-ta, ad-mi-tir. O encontro consonantal /ks/ é representado graficamente pela letra x: anexo, fixo. A esta representação se dá o nome de dífono. São mais raros em nossa língua os seguintes encontros consonânticos existentes em vocábulos eruditos. Estes encontros são separáveis, salvo os que parecem no início de vocábulos:

[bd]: lamb-da [ft]: af-ta [bs]: ab-so-lu-to [pn]: pneu, pneu-má-ti-co [kk]: sec-ção [ps]: psi-co-lo-gi-a [dm]: ad-mi-tir [pt]: ap-to [gn]: dig-no [stm]: ist-mo [mn]: mne-mô-ni-co [tn]: ét-ni-co

No português brasileiro, há tendência para inclusão de uma vogal epentética [ 24 ] entre as consoantes desses encontros, de que decorrem as pronúncias “abisoluto”, adimitir”, “díguino”, “adivogado”, etc. Cumpre atentar para a pronúncia padrão quando mais adequada à situação discursiva. O desejo de corrigir o engano leva muitas vezes à omissão indevida davogal de certos vocábulos: adivinhar e não advinhar, subentender e não subtender.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 83 - 84)

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

[Acentuação] É o modo de proferir um som ou grupo de sons com mais relevo do que outros. Este relevo se denomina acento. Diz-se que o acento é de intensidade (acento de força, acento dinâmico, acento expiratório ou icto), quando o relevo consiste no maior esforço expiratório. Diz-se que o acento é musical (acento de altura ou tom), quando o relevo consiste na elevação ou maior altura da voz. [...] O acento de intensidade se manifesta no vocábulo considerado isoladamente (acento vocabular) ou ligado na enunciação da frase (acento frásico). Numa palavra nem todas as sílabas são proferidas com a mesma intensidade e clareza. Em sólida, barro, poderoso, material, há uma sílaba que se sobressai às demais por ser proferida com mais esforço muscular e mais nitidez e, por isso, se chama tônica: sólida, barro, poderoso, material. As outras sílabas se dizem átonas e podem estar antes (pretônicas) ou depois (postônicas) da tônica. [...] Existem ainda as sílabas semifortes chamadas subtônicas que, por questões rítmicas, compensam o seu afastamento da sílaba tônica, fazendo que se desenvolva um acento de menor intensidade – acento secundário. [...] Em português, quanto à posição do acento tônico, os vocábulos de duas ou mais sílabas podem ser: a) oxítonos: o acento tônico recai na última sílaba: material, principal, café; b) paroxítonos: o acento recai na penúltima sílaba: barro, poderoso, Pedro; c) proparoxítonos: o acento tônico recai na antepenúltima sílaba: sólida, felicíssimo.

Há vocábulos, como os que vimos até agora, que têm individualidade fonética e, portanto, acento próprio, ao lado de outros sem essa individualidade. Ao serem proferidos acostam-se ou ao vocábulo que vem antes ou ao que os segue. Por isso, são chamados clíticos (que se inclinam), e serão proclíticos se se inclinam para o vocábulo seguinte (o homem, eu sei, vai ver, mar alto, não viu) ou enclíticos, se para o vocábulo anterior (vejo-me, dou-a, fiz-lhe). Os clíticos são geralmente monossilábicos que, por não terem acento próprio, também se dizem átonos. Os monossilábicos de individualidade fonética se chamam tônicos. Alguns dissílabos podem ser também clíticos ou átonos: para (reduzido a pra) ver, quero crer, quero porque quero. A tonicidade ou atonicidade de monossílabos e de alguns dissílabos depende sempre do acento da frase (Ö 94).

O acento de intensidade desempenha importante papel linguístico, decisivo para a significação da palavra. Assim, sábia é adjetivo sinônimo de erudita; sabia é forma do pretérito imperfeito do indicativo do verbo saber; sabiá é substantivo designativo de conhecido pássaro.

Em rapidamente, a sílaba ra possui um acento de intensidade menos forte que o da sílaba men, e se ouve mais distintamente do que as átonas existentesnas palavras. Dizemos que a sílaba men contém o acento principal e ra, o acento secundário da palavra. A sílaba em que recai o acento secundário chama-se, como vimos, subtônica. Geralmente ocorre o acento secundário na sílaba radical dos vocábulos polissilábicos derivados, cujos primitivos possuam acento principal: rápido – rapidamente. Há de se prestar atenção em certos enganos de pronúncia de vocábulos com acento secundário: por exemplo, respeita-se o hiato de tardiamente, e não se acentue fortemente a sílaba inicial: tárdiamente.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 95 - 97)

Ruy Mauro Marini: Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos (Paperback, Português language, 2024, Expressão Popular) No rating

Esta coletânea, publicada originalmente em 2005 sob o título Ruy Mauro Marini: vida e obra …

De maneira geral, a exploração, entendida como a capacidade de apropriação do valor produzido pelo trabalhador por parte do capitalista em três mecanismos-chave, como sustenta Marx (mais-valia relativa, mais-valia absoluta e pagamento de um salário que garanta a reprodução da vida do trabalhador e de sua família), na América Latina, se caracterizará pela utilização excessiva desses mecanismos a partir do pagamento de um salário que não permite a reprodução adequada da vida do trabalhador. Assim, além da exploração pelos dois mecanismos-chave (mais-valia relativa e mais-valia absoluta), aqui se dá a utilização direta de uma exploração sui generis: o pagamento de salários que não permitem ao trabalhador sequer reproduzir adequadamente sua vida, muito menos a de sua família. Essa remuneração perversa ocorre, segundo Marini, devido a alguns mecanismos essenciais:

a) mão de obra abundante no continente, antes a serviço do trabalho escravo, agora a serviço do trabalho assalariado mal remunerado;

b) estruturas sindicais débeis, corroborando o sistema de exploração em vez de lutar contra ele;

c) uma classe operária historicamente jovem, que não tinha ainda consciência para si, nem acúmulo ideológico de um projeto socialista;

d) poder da burguesia nacional diretamente associado aos interesses da burguesia internacional;

e) Estado que responde aos interesses do modo de re-produção do capital.

Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos by  (Page 51 - 52)

Ruy Mauro Marini: Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos (Paperback, Português language, 2024, Expressão Popular) No rating

Esta coletânea, publicada originalmente em 2005 sob o título Ruy Mauro Marini: vida e obra …

A superexploração é um mecanismo particular desenvolvido pelos capitalistas da América Latina para reverter sua perda de lucro na relação de dependência com o mundo, quando o mesmo mecanismo se caracteriza pela centralização do poder nas mãos dos grandes mandatários do capital, provenientes das economias tecnologicamente mais desenvolvidas. A superexploração é a principal categoria desenvolvida por Marini para explicar a particularidade histórica que cumpre a América Latina no âmbito geral de reprodução do capital. Para ele, enquanto a exploração deve ser entendida como mecanismo de criação de valor na sociedade capitalista baseada no trabalho assalariado, apropriado pelos capitalistas privados, a superexploração deve ser entendida como o mecanismo utilizado pelos capitalistas da periferia para compensar suas perdas nas relações econômicas internacionais. A explicação é a seguinte: enquanto os trabalhadores dos países mais desenvolvidos eram, ainda em meio à exploração capitalista. tratados ao mesmo tempo como operários e consumidores, na periferia os trabalhadores não se transformaram em sujeitos do consumo. Assim, enquanto na América Latina se produz para satisfazer o mercado externo e ajustar as perdas ocorridas neste, os países centrais se preocupam em desenvolver relações comerciais desiguais que possam favorecer a ampliação tanto de seus mercados internos quanto de sua hegemonia internacional. Essa conformação desigual entre os que consolidam um mercado interno e uma hegemonia internacional -os países centrais e os países que atuam a partir de uma subordinação e complementaridade à ótica de acumulação da produção desenvolvida pelos países hegemônicos - países periféricos - é o que caracteriza a dependência da América Latina frente aos ditames internacionais.

Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos by  (Page 50 - 51)

Ruy Mauro Marini: Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos (Paperback, Português language, 2024, Expressão Popular) No rating

Esta coletânea, publicada originalmente em 2005 sob o título Ruy Mauro Marini: vida e obra …

A dependência, no enfoque marxista de Ruy Mauro Marini, é entendida como uma relação de subordinação própria da forma como o capital e os interesses de seus donos se internacionalizam de maneira cada vez mais integrada e intensificada. A dependência é, assim, o mecanismo central de subordinação do território, do espaço, dos sujeitos, dos países subdesenvolvidos, como forma de perpetuação do poder de reprodução do capitalismo na esfera internacional. O subdesenvolvimento e o desenvolvimento são entendidos como processos indissociáveis e necessários para a evolução internacional do modo de produção capitalista. Uma dependência que evidencia a integração de um processo que não está posto para ser resolvido em termos de igualdade, exatamente porque se nutre das relações desiguais. O desenvolvimento desigual, assim considerado, é o resultado de uma relação também desigual entre os apropriadores privados mundiais do capital, que atuam de maneira combinada para garantir a permanência do seu modo de acumulação, e os trabalha dores explorados do mundo, que sustentam essa esfera de acumulação global. Por esse motivo, resolver o problema da dependência está diretamente associado à resolução dos problemas do capitalismo. Ou seja, a dependência somente pode ser extirpada com a instauração de um modelo com base distinta do capitalista, um modelo crítico aos mecanismos de expropriação, exploração e apropriação privada do capital em escala mundial.

Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos by  (Page 49 - 50)

Ruy Mauro Marini: Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos (Paperback, Português language, 2024, Expressão Popular) No rating

Esta coletânea, publicada originalmente em 2005 sob o título Ruy Mauro Marini: vida e obra …

Marini defendia de maneira enfática a diferença entre ser ortodoxo e dogmático. Segundo ele, um dos grandes desvios do pensamento marxista foi o dogmatismo, que se sustenta no fato de que existe uma verdade absoluta, um caminho único, elementos centrais e subordinados na explicação de determina-dos processos. Em contrapartida, a ortodoxia, caminho traçado por ele, centra-se na exigência e no rigor do método para uma boa fundamentação sobre os fenômenos a serem estudados. Em outras palavras, a partir do método que se propõe, para trilhar o caminho do conhecimento reflexivo-prático que permite a transformação necessária, pode-se chegar ao entendimento do processo, compreensão da totalidade e projeção de uma alternativa viável e diretamente distinta da então executada pelos dominadores em escala global. O método, então, é com-preendido, nessa ortodoxia não dogmática, como o caminho explicativo, teórico-prático, para o entendimento da realidade em permanente processo de transformação, a serviço de um grupo em confrontação direta com outros grupos, no interior da internacional luta de classes.

Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos by  (Page 47 - 48)

Ruy Mauro Marini: Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos (Paperback, Português language, 2024, Expressão Popular) No rating

Esta coletânea, publicada originalmente em 2005 sob o título Ruy Mauro Marini: vida e obra …

A Expressão Popular não devia ter trocado o título do livro, o original "Ruy Mauro Marini: Vida e Obra", fazia mais sentido. Metade dos textos desse livro não são do Ruy, mas sobre o Ruy. Se você não for um estudioso da vida do Ruy e só queria ler os artigos dele metade desse livro é meio inútil.

Ruy Mauro Marini: Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos (Paperback, Português language, 2024, Expressão Popular) No rating

Esta coletânea, publicada originalmente em 2005 sob o título Ruy Mauro Marini: vida e obra …

Havia uma corrente ideológica de interpretação da realidade que era representada pelos esforços teóricos e políticos realizados pelos intelectuais e dirigentes dos partidos comunistas vinculados à Terceira Internacional. Essa corrente estava presente em toda a América Latina e também no Brasil. Aqui o Partido Comunista Brasileiro era absolutamente hegemônico na esquerda brasileira e exercia enorme influência na vida social do pais, nas universidades, nas artes, na imprensa e na cultura em geral. Dai a sua enorme importância. Nesse época, muitos intelectuais atuavam no partido e exerciam suas respectivas influências nos mais diferentes campos da ciência e da luta político-ideológica. Para efeito didático, vamos mencionar alguns dos intelectuais que interpretavam a história econômica do Brasil, fornecendo argumentos científicos para as interpretações da realidade brasileira, que se conformavam com uma correspondente prática política do partido. Dentre os mais importantes e conhecidos, com enormes contribuições, destacamos Nelson Werneck Sodré, Alberto Passos Guimarães, Moisés Vinhas, Nestor Duarte, entre outros.

Qual a principal característica da linha de análise desses autores da realidade do nosso país? Eles procuravam fazer uma aplicação mecânica do materialismo histórico e das leis da economia política à realidade brasileira. De certa forma, faziam uma transposição mecânica dos manuais do chamado marxismo revisionista, coordenado pelo Partido Comunista da União Soviética (PCUS) para interpretar a nossa realidade. Assim, concluíam, de forma até primária mesmo para a década de 1960, que a sociedade brasileira estava submetida à pobreza e desigualdade porque nela predominavam, nas relações de produção, relações pré-capitalistas - e feudais, no meio rural - que impediam o desenvolvimento das forças produtivas. Logo, além de sofrermos com os males das relações pré-capitalistas, sofríamos também o impacto do domínio do imperialismo estadunidense.

Dessa análise decorria uma estratégia e uma ação política que defendiam a necessidade de se aprofundar no desenvolvimento das forças produtivas no Brasil, como forma de superar o atraso econômico. Além disso, dadas as particularidades da elite conservadora, era necessário realizar uma revolução burguesa para a conclusão da etapa capitalista da sociedade e, somente depois, dar passos rumo às mudanças transformadoras protagonizadas pela luta dos trabalhadores. Defendiam, portanto, como tática, a aliança dos trabalhadores com a burguesia nacional para enfrentar o imperialismo estadunidense e o latifúndio feudal.

Os adversários dessa prática afirmam que, na verdade, tal leitura da realidade era uma adequação teórica de uma linha política predefinida, em âmbito internacional, pela articulação dos partidos comunistas, sob coordenação do PCUS, que impunha, como estratégia, a todos os países periféricos o alinhamento dos trabalhadores com as burguesias nacionais para evitar tanto o fascismo quanto o isolamento da União Soviética.

Frente ao total monopólio de análise representado por essas teses no partido, ocorreram, na época, dissidências teóricas, ideológicas e organizativas. Do ponto de vista teórico, que é o que mais nos interessa aqui, a principal voz discordante da linha do PCB foi a de Caio Prado Júnior, que exerceu uma enorme influência na intelectualidade brasileira desse período. Caio Prado se contrapôs a esse modelo explicativo, apesar de ser membro do Comité Central, publicando suas ideias dissidentes no livro A revolução brasileira, que te transformou em um clássico do pensamento revolucionária do Brasil. Nesse livro, Cato Prado defende a lógica capitalista predominantes na economia brasileira, evidenciando a necessidade de um projeto verdadeiramente popular E bem verdade que Caio Prado não se desvincula totalmente da ideia de aliança possível, mas coloca o foco do desenvolvimento em outro âmbito: uma revolução nacional. libertadora, popular, e não apenas uma etapa da revolução burguesa. Entretanto, Caio Prado, em sua polêmica com partido, ateve-se fundamentalmente ao debate da natureza do capitalismo no Brasil e da revolução brasileira. A preocupação do autor não era centrada na compreensão dos mecanismos da dependência estrutural dos países da América Latina, na forma particular como se desenvolveu o capitalismo no continente, essencialmente em sua fase imperialista. Tampouco há em Caio Prado aprofundamentos em torno do tema da reforma agrária. Nesse aspecto, as propostas desse pensador são ainda restritas ao necessário desenvolvimento das forças produtivas no campo. É ai onde Marini fará uma forte crítica 30 pensamento de Caio Prado Júnior em seu artigo "Critica a A revolução brasileira de Caio Prado Júnior", publicado numa revista mexicana de ciências sociais logo após a publicação no Brasil, em 1967, de A revolução brasileira.

As teses oficiais do PCB-que podemos classificar como parte da aplicação de um marxismo esquemático, embora muitas delas publicadas na forma de livros após o golpe militar de 1964 estavam evidentemente em desacordo com os fatos notórios da realidade brasileira. O próprio golpe militar revelou que sua estratégia política, ao confiar na aliança com a burguesia nacional, era totalmente equivocada. Na realidade, a burguesia nacional manteve sua histórica aliança com o imperialismo, utilizando-se do golpe militar para manter o poder político e implementar, pelo regime ditatorial e forte repressão social, as mudanças econômicas de um novo ciclo de acumulação capitalista subordinada e dependente aos interesses do capital hegemônico internacional. Essa visão equivocada da realidade brasileira custou ao PCB a derrota política e ideológica, que o levaria à fragilização e posterior esgotamento, como partido hegemônico na esquerda brasileira.

Ruy Mauro Marini: “Dialética da dependência” e outros escritos by  (Page 32 - 35)

Parte da introdução de Roberta Traspadini e João Stedile

Cal Newport: Minimalismo digital (Portuguese language, Alta Books) No rating

O minimalismo é a arte de saber quanto é suficiente. O minimalismo digital aplica essa …

A luta fracassada contra os smartphones nos cinemas é uma consequência específica de uma mudança mais geral que ocorreu na última década: a transformação do smartphone de uma ferramenta ocasionalmente útil em algo de que nunca podemos nos separar. Essa ascensão do smartphone como apêndice vital é explicada por muitos fatores diferentes. Os jovens temem que mesmo a desconexão temporária os faça perder algo melhor que poderiam estar fazendo. Os pais temem que seus filhos não consigam achá-los em uma emergência. Os turistas precisam de instruções e recomendações de lugares para comer. Os trabalhadores temem a ideia de serem necessários e estarem inacessíveis. E todo mundo secretamente teme sentir tédio.

Minimalismo digital by  (42%)

Cal Newport: Minimalismo digital (Portuguese language, Alta Books) No rating

O minimalismo é a arte de saber quanto é suficiente. O minimalismo digital aplica essa …

1º Princípio: A bagunça custa caro. Os minimalistas digitais percebem que muitos dispositivos, aplicativos e serviços desviam nosso tempo e atenção e têm um custo negativo que neutraliza os pequenos benefícios que cada um provê isoladamente.

2º Princípio: A otimização é importante. Os minimalistas digitais acreditam que optar por uma tecnologia que respalde algum de seus valores é apenas o primeiro passo. Para extrair todos os seus benefícios potenciais é necessário pensar em como utilizarão a tecnologia.

3º Princípio: A consciência gera satisfação. Os minimalistas digitais satisfazem-se com seu compromisso de serem conscientes em relação a como usam as novas tecnologias. Essa fonte de satisfação é independente das decisões específicas que tomam e uma das maiores razões pelas quais o minimalismo tende a ser imensamente significativo.

Minimalismo digital by  (18%)

Cal Newport: Minimalismo digital (Portuguese language, Alta Books) No rating

O minimalismo é a arte de saber quanto é suficiente. O minimalismo digital aplica essa …

Agora consideremos a segunda força que estimula o comportamento vicioso: a necessidade de aprovação social. Como Alter escreve: “Somos seres sociais que nunca ignoram completamente o que os outros pensam a respeito de nós.” Esse comportamento é adaptativo. Nos tempos paleolíticos, era importante cultivar sua relação social com outros membros da tribo, pois sua sobrevivência dependia disso. No século XXI, contudo, novas tecnologias sequestraram essa necessidade profunda para criar vícios comportamentais lucrativos.

Considere, mais uma vez, os botões de feedback das mídias sociais. Além de serem inesperados, esses feedbacks também dizem respeito à aprovação alheia. E, caso muitas pessoas cliquem no pequeno ícone de coração logo abaixo da sua última postagem no Instagram, parece que a tribo está lhe mostrando a aprovação que estamos adaptados a desejar fortemente.** O outro lado dessa barganha evolutiva é que a falta de feedback positivo gera angústia. Esse é um grande negócio baseado no cérebro paleolítico, e, portanto, desenvolve uma necessidade urgente de monitorar continuamente essa informação “vital”.

O poder dessa necessidade de aprovação social não deve ser subestimado. Leah Pearlman, ex-gerente de produto na equipe que desenvolveu o botão “Curtir” para o Facebook (autora do post que o anunciou em 2009), tornou-se tão cautelosa com o caos provocado que, agora, como pequena empresária, ela possui um gerente de mídia social para gerenciar sua conta no Facebook, e assim evitar a exposição à manipulação social. “Independente de haver uma notificação, não é tão bom quanto parece.” Pearlman falou sobre a experiência de conferir os comentários nas mídias sociais. “Seja o que for que esperemos ver, nunca estará naquela barra.”

Uma maneira semelhante de regular a aprovação social explica a atual obsessão entre os adolescentes de manter “streaks” do Snapchat com seus amigos, como uma sequência ininterrupta de comunicação diária que confirma de forma satisfatória que a relação é forte. Também explica o desejo universal de imediatamente responder a uma mensagem recebida, mesmo na situação mais inadequada ou perigosa (como, por exemplo, ao volante). Nosso cérebro paleolítico categoriza ignorar uma mensagem recém-chegada como esnobar o membro da tribo chamando sua atenção para fogo comunal: uma gafe socialmente perigosa.

O setor de tecnologia tornou-se adepto da exploração desse instinto de aprovação. As mídias sociais, em particular, estão cuidadosamente adaptadas para lhe oferecer um rico fluxo de informações sobre o quanto (ou quão pouco) seus amigos têm pensado em você. Tristan Harris destaca o exemplo de marcar pessoas em fotos em aplicativos como Facebook, Snapchat e Instagram. Quando você publica uma foto usando esses serviços, pode marcar os outros usuários que aparecem na foto. Esse processo envia uma notificação para o usuário marcado. Como explica Harris, esses serviços tornam o processo quase automático, usando algoritmos de reconhecimento de imagem de ponta para descobrir quem está em suas fotos e lhe oferecer a possibilidade de marcá-lo com apenas um clique — geralmente após uma rápida confirmação sim/não (“Você deseja marcar…?”) à qual você provavelmente responderá “sim”.

Esse clique único não requer quase nenhum esforço de sua parte; mas, para o usuário marcado, a notificação resultante cria um sentimento socialmente satisfatório de que você estava pensando nele. Como argumenta Harris, essas empresas não investiram os volumosos recursos necessários para aperfeiçoar esse mecanismo de tagueamento automático porque era de alguma forma crucial para a utilidade de sua rede social, mas o fizeram para aumentar significativamente a quantidade de louros de aprovação social que seus aplicativos oferecem aos usuários.

Como Sean Parker confirmou ao descrever a filosofia do design desses recursos: “É um ciclo de feedback de validação social… exatamente o que um hacker como eu faria, porque explora uma vulnerabilidade da psicologia humana.”

Minimalismo digital by  (14%)

Cal Newport: Minimalismo digital (Portuguese language, Alta Books) No rating

O minimalismo é a arte de saber quanto é suficiente. O minimalismo digital aplica essa …

Comecemos pela primeira força: o reforço positivo intermitente. Os cientistas sabem, desde os famosos experimentos com o pombo de Michael Zeiler, em 1970, que recompensas adquiridas imprevisivelmente são muito mais atraentes do que as obtidas por um padrão conhecido. Algo a respeito da imprevisibilidade libera mais dopamina — um importante neurotransmissor que regula nosso senso de desejo. O experimento de Zeiler contava com pombos bicando um botão que imprevisivelmente liberava alimentos. Como Alter aponta, esse mesmo comportamento básico é manipulado pelos botões de feedback que acompanham a maioria dos posts de mídias sociais desde que o Facebook adicionou o ícone “Curtir”, em 2009.

“É difícil destacar o quanto o botão ‘Curtir’ mudou a psicologia de uso do Facebook”, escreveu Alter. “O que começou como um modo passivo de acompanhar a vida dos amigos se tornou profundamente interativo, com o exato tipo de feedback imprevisível que motivou os pombos de Zeiler.” Alter continua descrevendo usuários como “apostadores” toda vez que postam algo em uma plataforma de mídia social: você terá curtidas (ou corações ou retuítes) ou definhará sem feedback? As curtidas criam o que um engenheiro do Facebook chama de “radiantes sinetas de pseudoprazer”, enquanto a carência do feedback causa o efeito contrário. De qualquer maneira, o resultado é difícil de prever — o que, como a psicologia do vício nos ensina, torna o hábito de postar e verificar irritantemente atraente.

O feedback das mídias sociais, no entanto, não é a única atividade online com essa propriedade de reforço imprevisível. Muitas pessoas visitam sites com propósitos específicos — digamos, verificar a previsão do tempo em um jornal — e, 30 minutos depois, encontram-se inconscientemente seguindo uma série de links, saltando de um título a outro. Esse comportamento também pode ser desencadeado por um feedback imprevisível: a maioria dos artigos acaba não surtindo efeito, mas ocasionalmente você encontrará um que provoque uma forte emoção, seja raiva ou riso. Cada título ou link visitado é apenas mais uma rodada metafórica na máquina caça-níqueis.

Minimalismo digital by  (13%)