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Marte

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Paul Verhaeghe: What about Me? (Paperback, english language, 2014, Scribe)

According to current thinking, anyone who fails to succeed must have something wrong with them. …

Comecei amando esse livro. Aí nos 20% finais, o autor estragou tudo

Ponderei por um tempo qual nota daria para esse livro, e durante a leitura minha nota foi de 4 para 5, de 5 para 4 e de 4 para 3, só de raiva. Mas vou manter o 4, e explico o porquê.

Verhaeghe, o autor, é um psicanalista belga. Peguei essa dica de leitura lendo Pussy Riot, o último livro que resenhei aqui. O título me chamou atenção, e Nadya citou Verhaeghe durante a parte de seu livro que fala sobre antipsiquiatria. Dado esse contexto, eu esperava uma parte maior do livro dedicada a destrinchar o DSM-V e criticar ferrenhamente a cultura neoliberal de transformar diagnósticos em identidades -- comunidade autista, estou falando de vocês (nós)! Ele de fato faz isso, mas em uma parte muito pequena que pareceu até meio corrida perto do tamanho do livro.

Colocações de Verhaeghe que eu considero que fazem o livro valer a pena: …

Nadya Tolokonnikova: Um Guia Pussy Riot Para o Ativismo (Paperback, português language, 2019, Ubu)

Feminismo, ativismo, arte, literatura, sistema judicial, sistema penitenciário, antipsiquiatria, resistência, Nadya atravessa todos esses temas …

"É muito mais fácil espiar por baixo da saia de uma mulher que esteja no alto de um pedestal"

Nesse livro, Nadya Tolokonnikova, uma das participantes e fundadoras do grupo Pussy Riot, que utiliza de arte punk para denunciar crimes de Estado na Rússia, relata suas experiências no ativismo. O Pussy Riot ficou conhecido no começo dos anos 2010 por suas ações artísticas irreverentes e destemidas contra a plutocracia putinesca, e Nadya e outras companheiras suas foram presas pelo Estado russo por desobediência civil.

O livro tem formato de guia, e, apesar de eu ter muita preguiça desses manuais de ativismo, senti que aqui esse formato fez sentido. Além de guia, é uma autobiografia. Nadya escreveu o livro originalmente em inglês, que não é sua língua materna, o que ajudou a linguagem a ser simples e direta. Dessa forma, a leitura é para todes, mesmo aqueles que não são muito iniciados no ativismo ou que não têm grandes contextos de ciências sociais e políticas ou filosofia.

São 10 regras …

Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane: Miss Davis (GraphicNovel, português language, 2020, Agir)

Negra. Ativista. Revolucionária. Angela Davis é uma das maiores ativistas do nosso tempo. Sua história …

Bonito, mas falta coesão narrativa

As ilustrações da história em quadrinhos são excelentes. Aqui, estilos diferentes são misturados entre capítulos, mas de alguma forma, faz sentido e não fica esquisito. O problema está na narrativa.

O primeiro capítulo narra a história da infância de Angela Davis, importante ativista dos direitos civis estadunidense. A narradora desse capítulo é Cynthia Wesley, amiga de infância de Davis, e é uma narração fictícia pois Cynthia morreu em um atentado terrorista da KKK em 1963, quando Angela já não morava mais em sua cidade natal. Esse capítulo é até que bem elaborado, principalmente se você não conhece a história de Wesley. Entretanto, o primeiro problema já aparece ao final do primeiro capítulo: nenhum contexto mais específico sobre esse atentado e seus impactos no movimento negro estadunidense é dado pela narração, que passa a ser dada por uma jornalista branca fictícia após a morte de Wesley na narrativa. Aliás, essa jornalista …

Liv Strömquist: A rosa mais vermelha desabrocha (GraphicNovel, Portuguese language, 2021, Quadrinhos Na Cia)

Depois do sucesso de A origem do mundo, Liv Strömquist está de volta numa poderosa …

Vai do nada a lugar nenhum

Só não dou uma das menores notas (0.5/5 ou 1.0/5) porque essa honraria está destinada aos livros da Colleen Hoover, se um dia eu tiver o desprazer de ler.

Esse livro é escrito por uma quadrinista que também é socióloga, mas ela falha completamente em entregar um ponto. A tese dela é a seguinte: no capitalismo tardio, as pessoas se apaixonam menos que antes. É uma tese disputável, mas também razoável. O problema é que a autora se perde completamente na hora de comprovar sua tese, ela vai e volta na história, culpa as feministas, culpa os psicanalistas, culpa os romantistas machistas do século XIX, e eu não consigo entender o que ela quer entregar aqui. Fica até difícil tecer uma resenha crítica desse jeito.

Quanto à arte dos quadrinhos, ou você faz quadrinhos, ou você escreve muralhas de texto à mão. Não gosto do segundo tipo de arte aparecendo …