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Marte

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Maia Kobabe: Gênero Queer (GraphicNovel, inglês language, 2023, Tinta da China Brasil)

A premiada HQ que narra de modo sensível a transição de gênero de Maia Kobabe. …

O livro mais banido de escolas nos EUA pelo terceiro ano seguido é, claro, injustiçado

Gênero queer, de Maia Kobabe, é uma história em quadrinhos voltada principalmente para aquelus 1) interessades em aprender mais sobre uma perspectiva de ser não-binárie, enquanto aliades 2) interessades em investigar uma perspectiva não-binárie porque estão considerando o serem elus própries. Portanto, sim, a autobiografia/memória é bastante didática, o que pode ser meio chato se você já é uma pessoa iniciada no assunto ou se está procurando algo mais literário ou profundo. Tendo isso em vista, é uma pena que tenha sido frequentemente banido de escolas nos EUA, porque é justamente o tipo de literatura que adolescentes gênero não-conformes e sues amigues gostariam de acessar.

Lendo com 25 anos, e já conhecendo algumas coisas dos debates de não-binariedade de gênero, eu achei o livro um pouco didático e bobo demais. Até meio simplista e muito fofo. Acho que já estou preparada para leituras um pouco mais maduras e adultas. Inclusive, …

Vinciane Despret: O que diriam os animais? (Paperback, português language, 2021, Ubu)

Os macacos sabem mesmo macaquear? Os animais podem se revoltar? Qual o interesse dos ratos …

"O que diriam os animais?" é sobre o que dizem os [animais] humanos

Excelente livro da filósofa Vinciane Despret sobre a relação entre [animais] humanos e animais, sobre epistemologia da ciência e antropocentrismo. Com toques de sarcasmo e cutucando onde precisa ser cutucado, Despret é incisiva nas críticas a áreas pouquíssimo criativas como a sociobiologia. Por muito tempo, o tal do método científico vem tentado entender animais do ponto de vista antropocêntrico e Ocidental, como se estes fossem máquinas biológicas movidas pela passagem dos genes saudáveis, de acordo com a teoria da evolução. Isso despindo-os de agência, desejos, cognição, capacidade de buscar prazer, entre outros. E, na tentativa de denunciar os abusos praticados por esse método, muitos ativistas tratam os animais como se fossem vítimas, o que os despe dessas características, também. Despret aborda todos esses assuntos e faz o leitor questionar-se sobre as certezas da ciência (por exemplo, que lobos se organizam entre alfas, betas e ômegas... será?), sobre qual o limite …

Vinciane Despret: O que diriam os animais? (Paperback, português language, 2021, Ubu)

Os macacos sabem mesmo macaquear? Os animais podem se revoltar? Qual o interesse dos ratos …

A teoria sociobiológica, em outras palavras – retomando a psicóloga Françoise Sironi –, é uma teoria abusiva. Todo comportamento é reduzido ao caldo genético; os seres se tornam imbecis cegos determinados por leis que lhes escapam – e que se mostram de uma simplicidade pertubadora. Nada de invenção, de diversidade, de imaginário – e, se ainda assim subsistem, é porque foram selecionados para permitir que espalhemos nossos genes. Não se pode ser queer e sociobiólogo.

O que diriam os animais? by  (Page 228)

Sobre as tentativas de classificar "homossexualidade" como um comportamento natural, com base nas observações de grupos de animais, como se um comportamento ser "natural" fosse condição necessária para ser moralmente aceito.

Vinciane Despret: O que diriam os animais? (Paperback, português language, 2021, Ubu)

Os macacos sabem mesmo macaquear? Os animais podem se revoltar? Qual o interesse dos ratos …

A teoria da hierarquia tem o aspecto de uma doença infecciosa cujo vírus pertence a uma cepa muito resistente. Seus sintomas, assim como sua virulência, são facilmente identificáveis e mapeáveis: a doença produz seres determinados por regras rígidas, seres não muito interessantes, que seguem rotinas sem fazer muitas perguntas. E essa teoria contamina tanto os humanos que a impõem quanto os animais a quem ela é imposta.

O que diriam os animais? by  (Page 110)

Sobre a teoria da hierarquia rígida estabelecida entre indivíduos de coletivos animais na sociedade, que por si só é enviesada, e ainda é arrastada para as ciências sociais, gerando frutos indesejados.

Vinciane Despret: O que diriam os animais? (Paperback, português language, 2021, Ubu)

Os macacos sabem mesmo macaquear? Os animais podem se revoltar? Qual o interesse dos ratos …

A partir disso os pesquisadores concluem que uma predisposição genética determinaria os usos do álcool. Eis uma boa notícia: temos, enfim, uma explicação que vai nos livrar de todos aqueles detalhes que complicam à toa as situações, como os cafés, os fins de semana, os fins de mês e de noite, o fato de querer esquecer, as festas, a solidão, a miséria social, o penúltimo copo e depois o último, a indústria do rum, a história da escravidão, das migrações e da colonização, o tédio do cativeiro, e tantos outros mais.

O que diriam os animais? by  (Page 56)

A autora comenta, ironicamente, sobre como cientistas concluíram que, se o padrão de consumo de álcool por macacos da Ilha São Cristóvão no Caribe é parecido com o de humanos, logicamente só pode ser um fator genético.

Vinciane Despret: O que diriam os animais? (Paperback, português language, 2021, Ubu)

Os macacos sabem mesmo macaquear? Os animais podem se revoltar? Qual o interesse dos ratos …

O que o dispositivo demonstra nada mais é do que o fracasso relativo desses macacos em se conformar com os nossos costumes, ou melhor, com os hábitos cognitivos dos cientistas. Os cientistas não quiseram se envolver no difícil trabalho de seguir esses seres em suas relações com o mundo e com os outros, eles impuseram aos macacos as suas sem se questionar, nem por um instante, sobre a maneira como os macacos interpretam a situação que lhes foi imposta [--> Umwelt]. Por fim, é bastante surpreendente pensar que são esses mesmos pesquisadores que denunciam com mais fervor o antropomorfismo de seus adversários, que os levaria a atribuir aos animais competências semelhantes às nossas. No entanto, não se pode conceber dispositivo mais antropomórfico do que o que eles propuseram aos macacos!

O que diriam os animais? by  (Page 41)

A autora comenta sobre o impasse: os macacos são realmente incapazes de imitar?

Manuel Antônio de Almeida: Memórias de um Sargento de Milícias (Paperback, português language, 2010, Martin Claret)

Com um único romance que escreveu aos 21 anos, Memórias de um Sargento de Milícias, …

Parecia mais legal nas minhas memórias (sem trocadilhos)

Se eu não me engano, Memórias de um Sargento de Milícias (que eu insisto em chamar de Memórias Póstumas de um Sargento de Milícias na minha cabeça, admito) foi um dos livros da lista da Fuvest no meu ano de ingresso (aliás, Memórias Póstumas de Brás Cubas também).

Eu não li o livro na ocasião (admito), mas lembro de uma ou outra coisa das aulas de literatura para o vestibular e na minha cabeça, o livro era mais engraçado e divertido.

A primeira parte do livro fica descrevendo as traquinagens do Leonardinho, o personagem principal, que desde pequeno só quer saber de travessura e vadiagem. Essa parte é particularmente enfadonha, na minha opinião. Depois, passa a descrever a vida jovem-adulta de Leonardinho, que continua a se meter em vadiagem e adora um rabo de saia. Essa parte fica mais interessante e você começa a ansiar pelo desfecho. A questão é …

Alejandro Zambra: A Vida Privada das Árvores (Paperback, portuguese language, 2013, Cosac Naify)

Segundo livro do escritor chileno Alejandro Zambra, 'A vida privada das árvores' é a história …

A vida privada de Julián

A vida privada das árvores é, na verdade, menos sobre árvores e mais sobre Julián, um professor universitário chileno que está desvendando questões sobre sua vida. O enredo é como uma crônica, e se passa no apartamento de Julián enquanto esse cuida de Daniela, sua enteada, enquanto sua mãe Verónica não chega em casa. A partir desse fato -- Verónica ainda não chegou em casa e está atrasada -- Julián confabula milhares de cenários passados e futuros, incluindo a possibilidade de Verónica não voltar mais. O final é bastante aberto, e isso não me deixou muuuuito feliz, mas foi uma leitura agradável e particularmente rápida, perfeita para um domingo nublado.