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Miguel Medeiros

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Miguel Medeiros's books

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Success! Miguel Medeiros has read 52 of 48 books.

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa que, por meio de suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de um tipo qualquer. A natureza dessas necessidades – se, por exemplo, elas provêm do estômago ou da imaginação – não altera em nada a questão2. Tampouco se trata aqui de como a coisa satisfaz a necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência [Lebensmittel], isto é, como objeto de fruição, ou indiretamente, como meio de produção.

O capital by  (Page 113)

Albert Camus: O estrangeiro (Paperback, Portuguese language, 2018, Record) 5 stars

O estrangeiro narra a história de um homem comum que se depara com o absurdo …

Content warning Final da Parte I

Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

1) O espaço104 não é um conceito empírico que foi extraído de experiências exteriores. Com efeito, para que certas sensações sejam relacionadas a algo fora de mim (isto é, a algo em uma região do espaço distinta daquela onde me encontro), para eu representá-las como externas e próximas entre si e, portanto, não meramente diferentes, mas, como em diferentes regiões, a representação de espaço já tem que ser seu fundamento. Consequentemente, a representação do espaço não pode ser obtida das relações do fenômeno externo através da experiência; antes, essa experiência exterior é ela mesma primeiramente possível somente através dessa suposta representação.

2) O espaço A24 é uma representação necessária a priori que serve de fundamento a todas as intuições externas. Não se pode jamais produzir uma representação de que não existe espaço algum, ainda que se possa muito bem pensar que não há nele qualquer objeto a ser encontrado. B39 Portanto, é o caso de considerá-lo a condição da possibilidade dos fenômenos e não uma determinação deles dependente, e é uma representação a priori que necessariamente dá fundamento a fenômenos externos.

3) O espaço não é um conceito discursivo ou, como se diz, um conceito universal das relações das coisas em geral, A25 mas uma intuição pura. Com efeito, em primeiro lugar, só se pode representar um único espaço e, quando se fala de muitos espaços, entende-se por isso apenas partes de um e idêntico espaço. Essas partes também não podem, por assim dizer, anteceder esse espaço único e que tudo abarca, como seus constituintes (a partir dos quais sua composição seria possível); pelo contrário, somente podem nele ser pensadas. Ele é essencialmente uno: o múltiplo nele presente e, portanto, também o conceito universal de espaços em geral apoiam-se pura e simplesmente em limitações. Daqui se conclui que, no tocante a ele, uma intuição a priori (que não é empírica) dá fundamento a todos os seus conceitos. Assim, também todos os princípios da geometria, por exemplo, o de que em um triângulo a soma de dois lados é sempre maior do que o terceiro, jamais são derivados de conceitos universais de linha e de triângulo, mas da intuição, e isso a priori com certeza apodítica.

4) O espaço é representado como uma dada grandeza infinita. Ora, é necessário, decerto, pensar em cada conceito B40 na qualidade de uma representação que está encerrada em um conjunto infinito de distintas representações possíveis (como sua marca comum), que, portanto, encerra estas sob si; contudo, nenhum conceito, como tal, pode ser pensado como se encerrasse um conjunto infinito de representações em si. Não obstante, é o espaço assim pensado (pois todas as partes do espaço no infinito são concomitantes). Consequentemente, a representação original do espaço é intuição a priori, e não conceito.

Crítica da Razão Pura by  (Page 64 - 65)

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Na filosofia clássica, a substância é o fundo que recebe todas as predicações, as determinações, que as ampara e as preserva das invasões de seus outros. É a garantia da mesmidade duma coisa, seja ela qual for. Hegel formula esse conceito de substância de um modo muito especial. No parágrafo 151 da pequena lógica que inicia a Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio, rompendo com a tradição, ele define substância como uma relação que totaliza os acidentes nos quais ela se revela por sua negatividade absoluta, isto é, que a distingue de tudo o que é outro. A substância da maçã não é aquela energia permanente que irrompe em cada flor da macieira para transformá-la numa fruta específica, mas aquilo que faz com que esse fruto seja o que foi, o que é e o que sempre será. É o processo de demarcar o que na maçã é especificamente revelado pelo dizer da palavra “fruta”, revelando que ela resulta de uma flor particular, que recebe um pólen especial, diferente de todos os outros seres vivos, vindo a ser em si e para si na medida em que exclui, nega, qualquer diferença de modo radical. Não é o que precisamente acontece com o valor? Ele é a mesmidade de todos os valores de troca que como tais estão negando, impedindo, em particular, que se exerçam os valores de uso correspondentes. Uma mesmidade, porém, que vale como tal porque renega qualquer outra determinação que não está sendo reposta pelo ciclo produtivo.

O capital by  (Page 65)

José Arthur Giannoti

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

A ideologia é, assim, uma consciência equivocada, falsa, da realidade. Desde logo, porque os ideólogos acreditam que as ideias modelam a vida material, concreta, dos homens, quando se dá o contrário: de maneira mistificada, fantasmagórica, enviesada, as ideologias expressam situações e interesses radicados nas relações materiais, de caráter econômico, que os homens, agrupados em classes sociais, estabelecem entre si. Não são, portanto, a Ideia Absoluta, o Espírito, a Consciência Crítica, os conceitos de Liberdade e Justiça, que movem e transformam as sociedades. Os fatores dinâmicos das transformações sociais devem ser buscados no desenvolvimento das forças produtivas e nas relações que os homens são compelidos a estabelecer entre si ao empregar as forças produtivas por eles acumuladas a fim de satisfazer suas necessidades materiais. Não é o Estado, como pensava Hegel, que cria a sociedade civil: ao contrário, é a sociedade civil que cria o Estado.

O capital by  (Page 21 - 22)

Jacob Gorender

quoted O capital by Karl Marx

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Em 1841, Ludwig Feuerbach dava a público A essência do cristianismo. O livro teve forte repercussão, pois constituía a primeira investida franca e sem contemplações contra o sistema de Hegel. O idealismo hegeliano era desmistificado e se propunha, em seu lugar, uma concepção materialista que assumia a configuração de antropologia naturista. O homem, enquanto ser natural, fruidor dos sentidos físicos e sublimado pelo amor sexual, colocava-se no centro da natureza e devia voltar-se para si mesmo. Estava, porém, impedido de fazê-lo pela alienação religiosa. Tomando de Hegel o conceito de alienação, Feuerbach invertia os sinais. A alienação, em Hegel, era objetivação e, por consequência, enriquecimento. A Ideia se tornava ser-outro na natureza e se realizava nas criações objetivas da história humana. A recuperação da riqueza alienada identificava Sujeito e Objeto e culminava no Saber Absoluto. Para Feuerbach, ao contrário, a alienação era empobrecimento. O homem projetava em Deus suas melhores qualidades de ser genérico (de gênero natural) e, dessa maneira, a divindade, criação do homem, apropriava-se da essência do criador e o submetia. A fim de recuperar tal essência e fazer cessar o estado de alienação e empobrecimento, o homem precisava substituir a religião cristã por uma religião do amor à humanidade. [...] Transfigurado ao passar de Hegel a Feuerbach, o conceito de alienação sofria nova metamorfose ao passar deste último a Marx. Pela primeira vez, a alienação era vista enquanto processo da vida econômica. O processo por meio do qual a essência humana dos operários se objetivava nos produtos do seu trabalho e se contrapunha a eles por serem produtos alienados e convertidos em capital. A ideia abstrata do homem autocriado pelo trabalho, recebida de Hegel, concretizava-se na observação da sociedade burguesa real. Produção dos operários, o capital dominava cada vez mais os produtores à medida que crescia por meio da incessante alienação de novos produtos do trabalho. Evidencia-se, portanto, que Marx ainda não podia explicar a situação de desapossamento da classe operária por um processo de exploração, no lugar do qual o trabalho alienado constitui, em verdade, um processo de expropriação. Daí a impossibilidade de superar a concepção ética (não científica) do comunismo.

O capital by  (Page 17 - 20)

Jacob Gorender